Dois homens tristes no entardecer
O Evangelho de São Lucas, no seu capítulo 24 (13-35), faz-nos contemplar de perto, de uma maneira muito viva, dois homens que – na tarde do próprio dia da Ressurreição de Jesus – estão voltando para casa, cabisbaixos e decepcionados: os discípulos de Emaús.
Nesse mesmo dia – diz São Lucas -, dois discípulos caminhavam para uma aldeia, chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios –cerca de doze quilômetros. Iam falando um com o outro sobre tudo o que se tinha passado . Aquilo que se tinha passado era, nada mais nada menos, a paixão e a morte de Jesus, a “derrota” estrondosa de Cristo às mãos dos seus inimigos, enquanto as multidões, que cinco dias antes, no domingo de Ramos, o haviam aclamado entusiasmadas, vociferavam com ódio: Crucifica-o! Crucifica-o!
Podemos imaginar, por isso, qual era o seu estado de ânimo. Perdidos, deprimidos, desnorteados, conversavam como quem não acaba de acreditar que tivesse sido possível aquele afundamento dos seus sonhos. Assim andavam quando Jesus aproximou-se e caminhava com eles; mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram.